Como saber se meu filho(a) precisa de terapia?
A adolescência é uma fase repleta de mudanças e nem sempre é fácil para pais e filhos enfrentarem tantos desafios. Neste artigo, você vai descobrir sinais que podem indicar a necessidade de terapia, entender como a psicoterapia apoia o desenvolvimento saudável do adolescente e conhecer como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar nessa jornada.
Louys Tavares
3 min read
A adolescência é uma fase marcada por muitas mudanças — físicas, hormonais, emocionais e sociais. Para muitos pais, é um período desafiador, pois seu filho ou filha já não é mais criança, mas também ainda não é adulto. Esse “entre-lugar” pode gerar conflitos, inseguranças e situações em que os pais ficam em dúvida: será que meu filho(a) precisa de terapia?
É comum que mães e pais cheguem ao consultório preocupados com sinais como:
• Dificuldade de diálogo com o adolescente, como se a comunicação estivesse “bloqueada”;
• Mudanças bruscas de humor ou de comportamento;
• Reações explosivas ou isolamento repentino;
• Baixo rendimento escolar ou queda nas notas;
• Preocupação com amizades, uso excessivo de redes sociais ou dificuldade em lidar com limites;
• Sensação de não reconhecer mais o próprio filho, que antes era mais aberto e agora parece distante;
• Medo de não saber como ajudar em momentos de tristeza, ansiedade ou conflitos.
Essas dores são legítimas e fazem parte da experiência de muitos pais. Reconhecê-las já é um primeiro passo importante para buscar apoio.
Do outro lado, o adolescente também enfrenta suas próprias batalhas internas. Mudanças biológicas e hormonais podem gerar maior irritabilidade, impulsividade e dificuldade em controlar emoções. Há também a pressão para se encaixar em grupos, a busca por identidade, as inseguranças em relação ao corpo e à autoestima, além de cobranças acadêmicas e expectativas sobre o futuro.
Em alguns casos, o adolescente pode apresentar:
• Ansiedade frequente ou crises de choro;
• Dificuldade em lidar com frustrações;
• Desmotivação ou falta de interesse por atividades que antes gostava;
• Alterações no sono ou na alimentação;
• Comportamentos de risco, como impulsividade, agressividade ou uso de substâncias.
Esses sinais não significam necessariamente que algo “grave” está acontecendo, mas indicam que o adolescente pode se beneficiar de um espaço seguro para falar e aprender a lidar com essas questões.
Como a psicoterapia pode ajudar
A psicoterapia é um espaço de escuta, acolhimento e desenvolvimento. Para o adolescente, significa ter um lugar em que ele pode se expressar sem julgamentos, compreender suas emoções e construir recursos para lidar com desafios cotidianos. Para os pais, representa também uma oportunidade de receber orientação, compreender melhor as mudanças da adolescência e fortalecer os vínculos familiares.
A terapia não é apenas para momentos de crise. Ela pode ser um recurso preventivo, ajudando o adolescente a atravessar essa fase com mais equilíbrio emocional e autoconhecimento.
A contribuição da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
Entre as diferentes abordagens psicológicas, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das mais utilizadas no atendimento a adolescentes. Essa abordagem trabalha a relação entre pensamentos, emoções e comportamentos, ajudando o jovem a identificar padrões de pensamento que podem estar dificultando sua vida e a desenvolver estratégias mais saudáveis para lidar com situações do dia a dia.
Na prática, a TCC pode auxiliar em casos de ansiedade, dificuldades de autoestima, questões escolares, habilidades sociais e no manejo das emoções. É uma forma estruturada, mas também flexível, que busca promover autonomia e bem-estar.
Saber se seu filho ou filha precisa de terapia envolve observar os sinais, ouvir suas queixas e reconhecer quando as dificuldades estão ultrapassando a rotina da família. Buscar ajuda psicológica não significa que algo está “errado”, mas sim que vocês, como família, estão se permitindo encontrar caminhos de diálogo, compreensão e crescimento.
A adolescência é um período intenso e desafiador, mas também cheio de oportunidades de desenvolvimento. A psicoterapia pode ser uma grande aliada nessa jornada.